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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
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Vitória tão importante quanto justa. O adversário era direto, a linha de água estava mais próxima e nós, como tem sido hábito nesta época, cerramos os dentes e ganhamos mais uma final, mais um daqueles desafios que é proibido perder e que até valem um pouco mais que os três pontos."Ganhamos", nós. Nós todos, dentro do campo e fora dele, dada a importância dos adeptos no momento mais importante do jogo.
Curiosidade acerca do onze e postura da equipa para este embate frente ao Arouca. A estratégia dos últimos dois jogos para o campeonato - Setúbal e Moreira de Cónegos - havia sido mais defensiva. Bem mais, como todos se lembrarão. Como disse Petit depois da vitória em Setúbal, uma mudança radical, sobretudo na mentalidade e na abordagem aos jogos. Assumiu-se - e bem quanto a mim - que parte do problema está cá atrás e na forma como somos permissivos no momento defensivo (e não só no setor recuado), pagando caro quando queremos 'esticar' um pouco mais o nosso jogo. Linhas recuadas na tentativa de reduzir o erro ao mínimo; dois trincos, dois alas com prioridade defensiva, para blindar ainda mais; e acima de tudo: a intenção de, começando na expetativa, controlar e ir crescendo com o jogo e com o que ele pode ou não dar.
Correu bem em Setúbal, não tão bem em Moreira. Positivo, se tivermos em conta que a equipa do sul será, presentemente, um concorrente [mais] direto. Na derrota, até conseguimos reagir bem, depois do pior que pode acontecer a uma equipa que adopta este tipo de estratégia, sofrer um golo cedo. Não nos 'desconcertamos' (como já aconteceu várias vezes depois de sofrermos cedo na primeira parte), conseguimos reagir e discutir o jogo até final, apesar das dificuldades em sermos mais consequentes no último terço. E aqui vale a pena dizer outra coisa: foi um daqueles jogos em que as bolas paradas tiveram um papel decisivo, como vai acontecendo aqui e ali durante a longa temporada. Eles [só] criaram perigo (e marcaram) por aí, nós não, apesar do idêntico número de oportunidades. Num aspeto - repito - em que já estivemos bem melhores (principalmente no plano ofensivo).
Mas lá está, de novo, aquela que tem sido a nossa imagem de marca desta temporada: a 'eficácia' do ponto. Depois de cinco derrotas nos seis jogos anteriores, seria primordial ir buscar pontos na dupla deslocação. E fomos.
Ainda antes da primeira vitória do ano, estreia na fase de grupos da Taça da Liga. Se nos lembrarmos do jogo no Restelo de há dois meses e do desequilíbrio de forças que ficou então patente, acho que podemos dizer que acabamos por fazer um jogo bem conseguido, também olhando às diferentes prioridades que ambos os treinadores parecem dar à competição. Estivemos por cima em muitos momentos do jogo, conseguimos criar as melhores oportunidades e fomos a equipa que mais próximo esteve da vitória. Sem ser brilhantes, fomos práticos e de concentração ao máximo, contra uma equipa, convenhamos, para já mais evoluída.
Retomando o jogo com o Arouca. Tengarrinha, Lima e Afonso, as principais novidades. Sobretudo, diferença no meio campo e na forma como abordamos o jogo: meio campo menos robusto (só com Idris a trinco), deixando Tengarrinha e Lima como médios com maiores responsabilidades de contruir jogo. Lateral direita normalizada, com Beckeles a defesa e dois alas. Alas mesmo, com [maiores] preocupações ofensivas quando comparando com os últimos dois desafios.
Não sei se terá sido o melhor jogo da temporada, como diz Petit, não tenho dúvidas é que foi a melhor reação a um golo sofrido, dos melhores trinta minutos que fizemos esta época e da maior superioridade frente ao adversário que alguma vez mostramos nesta Primeira Liga. Daí a justiça do resultado.
Até entramos melhor no jogo, a controlar mais e com maior intenção de chegar perto da baliza adversária, toada que mantivemos toda a primeira parte. Erros individuais permitiram alguns sustos perto da nossa área, apesar de nunca nos desconcentrarmos em demasia nem nos desequilibrarmos depois das perdas de bola. Justa a vantagem ao intervalo.
Dez minutos da segunda metade, tivemos a postura que se adivinhava, de maior expetativa, sem permitir grandes aproximações ao nosso último reduto. Voltamos a sofrer na pele a falta de jeito nas bolas paradas.
A partir daqui partimos para uma excelente meia hora. Pressionamos e encostamos o adversário, ganhamos segundas bolas e carregamos a área contrária, quase não permitindo contra ataques que pusessem em perigo a nossa baliza. Marcamos um, falhamos algumas situações, matamos o jogo já nos descontos, sem nunca ter deixado de o controlar, mesmo com a vantagem mínima.
Algumas notas:
Ervões apareceu em bom plano no jogo da Taça da Liga, mas a escolha voltou a recaír na nossa dupla de centrais mais eficaz ou menos batida, Sampaio e Santos. Não foram perfeitos, mas voltaram a entender-se bem e sendo minimamente eficazes perante a carga de trabalho a que foram sujeitos.
Na esquerda, finalmente a estreia de Afonso na Liga, também ele depois de uma boa exibição contra o Belenenses. Esforçado, sempre concentrado e dado a poucos facilitismos, fechou bem a lateral esquerda. São dois jogos que prometem, veremos como correm os próximos. Para já, muito melhor que a aparição nas Aves.
Do lado oposto, aquele que deve ser dono e senhor do lugar, Beck. Só não o é pela utilidade noutras posições, a ala defensivo (como nos dois últimos jogos) ou a para dar consistência ao meio campo (como o fez e bem, quando Dias entrou para lateral).
Idris, está ligado aos dois lances mais perigosos do Arouca na primeira parte, assim como a inúmeros desarmes que conseguiu fazer na zona intermédia e o habitual e útil auxílio aos centrais. Vendo bem as coisas, um jogo à Idris.
Sinceramente, não entendi bem a saída de Tengarrinha da equipa (processo de evolução da equipa?), voltou nestes dois últimos desafios e, para não variar, em bom plano. Foi também bem susbtituído por Carvalho, quando foi preciso refrescar e dar outro tipo de soluções de passe ao meio campo.
Melhor Diego Lima da época, depois dos sinais positivos em Moreira e, principalmente, no jogo perante o Belenenses. Muito mais intenso na disputa da bola, mais interventivo no momento defensivo (mesmo sem bola, neste teve um papel de maior responsabilidade no meio campo, sendo daí mais um terceiro elemento que um segundo no ataque), rematador, mais perto de receber a bola e distribui-la em boas condições. Gostei, veremos o que nos trazem os próximos desafios.
Zé Manuel continua a sua evolução, conseguiu aquele que provavelmente terá sido o seu melhor jogo na Primeira Liga. É continuar, acredito mesmo que não fica por aqui.
A juntar ao português que nos acompanha do CNS, Léo continua em bom plano. Não tão bem como em Setúbal, onde jogou numa posição e função diferentes, mas a fazer uso do poder de desequilíbrio que tem. Segura bem a bola, passa bem, por vezes continua a decidir tarde e mal, mas foi, sem dúvida, uma exibição positiva.
E eis as razões porque temos um suplente de luxo, Brito. Voltou a entrar bem, fez-nos ser mais perigosos mesmo no pouco tempo que jogou e fechou o jogo. O banco não lhe faz mal, claro (e fará a alguém deste plantel?!).
Uchebo, mais um golito. Um golo, muita luta, muito trabalhinho e desgaste infligido à defesa contrária. Já o tinha dito aqui, gosto de o ver descaír para as alas (e aí desequilibrar, como temos visto), apesar da sua altura, o que normalmente convida a um estilo de jogo mais posicional. É verdade que o jogo aéreo não parece ser a sua especialidade, apesar de por vezes exagerarmos no jogo direto que dele exigimos resposta. Não maravilhou, mas foi-nos bastante útil, não só pelo golo decisivo.
Em suma, vitória crucial. Décimo segundo lugar, quatro equipas entre nós e a linha de água, que está a cinco pontos. Não é muito, mas temos tudo para continuar a evoluir, mantendo esta atitude.
Visita à Madeira no próximo domingo, às 18h e sem tv.
Força Boavista!
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