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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Negro




O cenário é mesmo demasiado negro. E por duas perspectivas: por um lado o momento atual, ou seja, três pontos abaixo da linha de água e a nove do 15º; dez pontos em 16 jogos, exigem uma segunda volta não boa nem ótima, mas fantástica, e em tudo diferente da atual.
Por outro lado, a escassa esperança de melhorias perante esta instabilidade evidente, esta desorganização de cabeça perdida e constantes tiros nos pés.

E foram demasiados nos últimos dois meses, precisamente devido a essa instabilidade e incapacidade em perceber e corrigir o que, de facto, está ou é escasso. Diria até, fazê-lo com seriedade, sem intenções de falsas culpabilizações .

Primeiros sinais mais fortes de desnorte aquando das estranhas dispensas ainda em novembro, ao que se seguiu não a saída de Petit, mas os contornos em que esta aconteceu. Foi mais que uma chicotada psicológica por maus resultados, foi o desacreditar que aquela mentalidade não era a adequada - mesmo tendo em conta as nossas condições - e, começando a não o apoiar, partir do princípio que o mal principal estava no treinador.


Mas virando a agulha para mais tempos mais recentes. Ganhamos, de facto, algum alento depois da saída do Armando. Injustamente derrotados em Arouca (exibição um pouco na sequência da boa primeira parte ante o vitória), razoáveis no Bessa frente ao Estoril (na estreia de Sanchez) e vitória justa na Taça. Depois, de novo, a realidade: três jogos fundamentais para pontuar, zero pontos, nota zero na exibição, zero de algumas melhorias.

E dados novos: algumas vezes acusados por ser uma equipa demasiado defensiva e com pouca imaginação ofensiva (em princípio só porque sim, por mera opção e porque apetece), passamos de 7ª defesa menos batida da Liga para a 5ª pior (sofrendo 9 dos 22 sofridos em apenas 5 jogos); começamos, algo a que não estávamos habituados, a perder 'finais'. A perder força e mentalidade, depois de há muito termos perdido a fortaleza. As tais finais, os jogos em casa contra concorrentes diretos - para ganhar - e os fora contra esse mesmo tipo de adversários - para pontuar. Claro, é feio. Ou é feio querermos o futebol agradável, equilibrado e de posse, ao invés de entrar com unhas e dentes para aquilo que mais precisamos: pontuar e sobreviver.


Nós não fomos buscar o Sanchez, o melhor dez de sempre do futebol mundial, o eterno #37. Não. Fomos contratar um treinador sul-americano, com experiência acumulada nos últimos dez anos no futebol boliviano, dos quais apenas os últimos quatro em clubes, e conhecedor do futebol português até 2004, ano em que se estreou como treinador. Poder-se-á dizer que foi a opção possível, e olhando ao tempo de demora, pelos avanços e recuos, que foi a 347ª escolha. Mas, sem dúvidas, temos que apoiar, e devemos fazê-lo, pelo menos por agora.

E, claro, vamos continuar à espera para ver do que o nosso treinador é capaz, apesar dos sinais não serem os melhores. Percebe-se a tentativa de rapidamente conhecer os jogadores e características da equipa, mas aquela abordagem ao jogo com o Moreirense no Bessa não lembra ao diabo. Não mesmo. É caso para perguntar se nos jogos que Sanchez devorou calhou algum do Boavista.


O principal problema e que já vem do tempo do Petit, continua. As opções, o plantel que é escasso e imensamente desequilibrado, que comparativamente ao do ano passado é melhor defensivamente, igualmente parco em opções minimamente credíveis, e sem metade da vontade em entrar nos eixos.
Não nos enganemos: o caso não está perdido, mas o alarme já disparou. E começou por fazê-lo baixinho para alguns, dando a pensar que um ou outro retoque ou uma mudança de líder seria suficiente. Não é. Vai ser preciso muito mais que um murro na mesa, é preciso desfazê-la em pedaços.
São precisos reforços, mas reforços à séria, daqueles que entram no grupo para realmente aumentar a qualidade e ajudar no imediato a equipa. É preciso blindar, unir, disciplinar, foder-lhes a cabeça ou seja o que for, mas cumprir com eles e pôr o grupo em sentido, com uma missão única e divina como objetivo. É preciso refletirmos e percebermos que estamos todos a puxar para o mesmo lado, e aí pegar no cachecol e gritar até perder a voz, seja a apoiar, seja a criticar. É preciso estar lá na luta.
Até porque não é uma já de si grave e desagradável descida de divisão que está em causa, é obviamente muito mais do que isso.
 


Força Boavista! Venha o Derby. Até os comemos.

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