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quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Mito




O José Carlos foi despedido. Nada de novo, afinal cumpriu-se a tradição. Outro virá e, podemos dizer com um elevado grau de certeza, seguirá o mesmo caminho que Lito e seus antecessores. Sim, porque o problema, sabemos todos nós, à partida reside no treinador, treinador que a direção escolhe e nós apoiam... e nós temos lá. Longe de nós pensarmos que existe aqui um padrãozinho qualquer que, sem muito custo, nos faça perceber como vai funcionando a gestão desportiva do nosso Clube.

Vamos a factos:

- Média de pontos brutal. A melhor. Desde a subida é, de longe, o treinador mais eficaz no pressuposto principal, ainda mais na nossa atual situação e prioridade, a sobrevivência. Na época passada nove vitórias e um empate em 15 desafios; cinco derrotas, três das quais frente a 'europeus'. Na presente temporada, quatro vitórias e outras tantas derrotas, seis empates. Situação imaculada até ao início de novembro, numa altura que eramos uma referência pelos melhores motivos na comunicação social: a invencibilidade. Nunca liguei muito a isso, mas que fomos falados e elogiados, algo que em tempos valorizamos imenso, é um facto.
As eliminações nas Taças foram pontos negativos, principalmente na de Portugal, depois do reforço do Presidente acerca da importância da competição. Falhamos, infelizmente fizemos parte da 'normalidade' da presente edição da prova raínha. No campeonato, reforço, a fuga aos últimos lugares ou a luta pela primeira metade da tabela, estava a ser amplamente conseguida.

Conclusão, ou somos acéfalos ou podemos partir do princípio que não foi pelos resultados.

- Exibições, estilo de jogo, abordagens aos desafios. Dizem que não é a imagem do Clube. Bem, a imagem, o tipo de futebol, está diretamente relacionada com os recursos, com aquilo que cada clube pode oferecer à sua equipa técnica para poder desenvolver o trabalho. Não é, Jorge Simão? E nós, neste momento, queremos como imagem de marca a feroz luta pela sobrevivência, julgo eu. A luta pela tranquilidade, pela fuga à depromoção.
Compreendo que os Adeptos não se identifiquem, se sintam por vezes desiludidos, pois afinal todos gostamos de conciliar bom e vistoso futebol aos resultados. Mas nem sempre é possível e nem sempre é esse o objetivo. Hoje em dia, no Futebol profissional, quando uma direção contrata um treinador, compra uma ideia. E aí não consigo mesmo entender: quando se assina com Lito, acima de tudo compra-se o que ele conseguiu fazer no Bessa, e como o fez. Optou-se pelo pragmatismo, pela eficácia e seriedade, pelo simples alcançar dos objetivos. Ponto. Queríamos algo diferente? Bem, se realmente era essa a vontade, teríamos que ter optado por outro que não Vidigal, como é óbvio.

Conclusão, não despedimos o treinador porque ele estaria a fazer algo diferente daquilo a que nos propusemos fazer para atingir os objetivos.

- A contestação começou no minuto seguinte à apresentação do Lito. Não, isto aconteceu mesmo, não é exagero, esse veio depois. Vidigal entrou no Bessa com dois pés esquerdos, nunca aceite por uma boa parte dos adeptos, o que resultou numa muito curta margem de erro, numa crítica exageradamente fácil, mesmo quando os resultados - e até por vezes as exibições - não o justificavam. A personalidade e o feitio de Lito não ajudaram, mesmo quando os interesses do Clube, Símbolo e jogadores, foram ressalvados pelo treinador.

Conclusão: não chegou. A contratação foi, sabia-se logo no início, arriscada e a direção não quis ou não soube lidar com a situação de forma a que o desfecho não fosse este, afinal o mais fácil e, como dissemos no início, o tradicional.


Esperemos que continue a funcionar a tradição, ou seja, depois de mais um despedimento perto do final do ano, o novo treinador consiga uma série de bons resultados que nos permita fugir aos lugares de despromoção e espreitar a a primeira metade da tabela. Felizmente, olhando à quantidade de pontos, as coisas estão um pouco mais fáceis este época.

Mas esta gestão desportiva, de treinadores, é, quanto a mim, errática e tem tudo para um dia correr mal.


Força Boavista!

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