Uma semana e só agora o batimento cardíaco volta ao seu ritmo normal. Tudo está ótimo quando acaba tão bem, mas no nosso caso poderá não ser bem assim. Não será concerteza.
Acabou bem apesar do susto e sofrimento gigantescos, apesar de bem longe dos objetivos iniciais, de termos convivido demasiado perto com o... abismo.
A forma como o grupo preparou, viveu e reagiu a este feliz desfecho valeu, arrisco a dizer, por todo o ano.
Não podendo caír no erro de ignorar todos os sinais negativos que o Clube nos foi dando, é hora de virar página e tentar tirar algum partido deste 'sucesso' desportivo e, sobretudo, da forma como foi...vivido, digamos assim. E da União, otimismo e espírito e confiança na renovação e no crescimento, a todos os níveis, que daí resultou.
Só um breve resumo dos principais problemas identificados na época que agora acaba, até porque todos nós os fomos discutindo um pouco ao longo da temporada, já que as circunstâncias a isso obrigaram.
◾ contexto desportivo - o nosso - super complicado e fora do normal: jogadores de vários países, alguns jovens e maioria inexperientes na Europa, a necessitarem de crescimento, não só mental (mesmo numa perspectiva de dinâmica de grupo) mas também a nível desportivo, de conhecimento e adaptação ao 'nosso' Futebol. Só quatro transitaram da última época e, sejamos lúcidos, na prática, as opções válidas resumiam-se a 13/14 atletas.
◾ contexto global que prejudicou todos, mas mais a nós, porque ninguém mudou 20 jogadores de uma época para a outra, ninguém esperou tanto para definir o plantel. E aí sim, podíamos e devíamos ter feito mais ou... diferente. Mesmo com todas as contrariedades às quais fomos mais ou menos alheios, e até dificuldades próprias da nossa situação ou renovação, sofremos na pele esse mau planeamento, óbvio. Meros exemplos práticos: fizemos a época toda a com elementos a titular que, em princípio, viriam para os sub23; muitas vezes, como opções, tínhamos jogadores da formação, ou a ter que recorrer a defesas para desempenhar missões ofensivas, por exemplo.
Demoramos, confiamos demais e, claro, prejudicamo-nos a nós próprios.
◾ juntado a isso, a opção técnica Vasco Seabra. Sem discutir se terá sido mais vítima ou culpado, revelou-se aposta de demasiado risco e inexperiência tendo em conta o nosso contexto específico. Seria preciso algo diferente, como se calhar se provou mais à frente. Não conseguiu resultados, fomos regredindo durante a sua permanência, facto. E atrasou tudo.
◾ comunicação e gestão das expetativas contribuíram para este terramoto e seguintes réplicas. Por um lado, compreende-se a necessidade (chamemos-lhe assim...) de aglomerar vontades, tendo em vista a necessidade da entrada do investidor; por outro tornou-se evidente que falhamos em muitos aspetos: na forma de comunicar, no conteúdo dessa comunicação. E pagamos caro.
◾ inacreditável e difícil de aceitar a postura no mercado de janeiro. A vontade seria a de reforçar - como seria obrigatório, julgo - mas a impossibilidade de tal e a forma como tudo foi gerido (de novo a tal comunicação, não?), faz-nos apontar esse momento como um dos mais negativos da época. Porque nos fez relembrar um passado que pensamos (e assim continuamos) já ultrapassado e fez-nos desacreditar e duvidar um pouco de... tudo. Difícil mais palavras, certo?
Caldinho jeitoso tudo isto e mais alguns condimentos (como a turbulência aquando da saída do diretor desportivo) que nos fizeram a todos querer que isto acabasse depressa. Bem, mas rápido.
De positivo, aquilo que, no final e apesar de todas as contrariedades no caminho, a prova de que precisávamos para podermos ter acreditado nos nossos Rapazes: estavam Unidos, comprometidos, juntos connosco. Lutaram como puderam pelo objetivo final. E agora há que daí tirar o máximo de proveito.
Mais importante, as prioridades para o que aí vem:
Não caír, nem de perto, nos mesmos erros. Isto já acabou há uma semana e ninguém aponta Jesualdo - com quem temos contrato - como certo e adquirido. Até pelas palavras do próprio, relembro.
É certo que o mercado está 'parado' para a maioria, mas no nosso caso seria bom vermos sinais de alguma... ação (antecipação, diria até). Sim, mais de metade do plantel ou ainda é insuficiente para o que precisamos ou já partiu (ou sabemos tal) e é mesmo preciso reforçar o que está mais fragilizado.
Plantel também, mas sem esquecer o mais importante: a estrutura.
Querendo acreditar nas palavras do Presidente, o investimento no verão "vai ser forte", o que todos queremos é que seja bom, atempado e bem planeado.
Venha a nova época (e as novidades!🤤) 💪🏁
Força Boavista!