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quarta-feira, 30 de agosto de 2023

A insustentável leveza de ser Boavistão



O Boavista Futebol Clube, um das mais tradicionais e históricos clubes do futebol português, tem, ao longo dos anos, vivido momentos de altos e baixos. E é precisamente nesses momentos de glória que surge o termo "Boavistão". Mas será que este aumentativo, que à primeira vista parece elogioso, não esconderá também uma conotação ambígua e com duplo sentido?

O Aumentativo "Boavistão"


O termo "Boavistão" é um aumentativo que, em teoria, deveria representar o Boavista no seu melhor, de uma forma ampliada, grandiosa. No entanto, nos últimos 20 anos, tem-se notado que este termo só é trazido à baila quando o Boavista encadeia uma série de dois ou três jogos bons. Este padrão revela uma certa condescendência, como se o clube só, ocasionalmente, conseguisse atingir um patamar de excelência, quando, na realidade, a sua história diz-nos que o Boavista sempre foi enorme.


A História do "Boavistão" dentro do campo

O Boavista, fundado em 1903, tem uma rica história no futebol português, plena de sucessos e troféus.  No entanto, o termo "Boavistão" não se refere apenas a esta época dourada, mas sim a todos os momentos em que o clube superou as expectativas desde a sua génese. E, infelizmente, estes momentos que têm sido esporádicos nas últimas duas décadas, o que levou a que o termo fosse usado de forma quase irónica.

Quando falamos de "Boavistão", não nos referimos apenas a um termo carinhoso, mas sim a uma era inesquecível que solidificou o Boavista como uma potência do futebol Português. Esta alcunha tornou-se sinónimo dos momentos mais brilhantes do clube, aqueles que permanecerão vivos na memória dos seus adeptos.

A década de 1970 foi o berço do "Boavistão", uma época impulsionada pela visão do Major Valentim Loureiro e pelo talento tático de José Maria Pedroto. Um dos momentos mais emblemáticos desta fase foi a surpreendente eliminação da Internazionale em 91/92, um feito que ecoou além-fronteiras. A chama do "Boavistão" manteve-se acesa nos anos 90, com destaque para a influência de Manuel José. Contudo, foi sob a alçada do então Presidente João Loureiro e com Jaime Pacheco a comandar as tropas com que o nosso clube alcançou o seu auge, conquistando o campeonato nacional e marcando presença em competições europeias de renome no início do século XXI. Durante este período dourado, onde a marca Loureiro foi indelével, o Boavista não só se coroou campeão, mas também se destacou em várias outras competições, arrecadando cinco Taças de Portugal e três Supertaças nacionais.

 

O "Boavistão" fora das quatro linhas

Quando falamos de um clube de futebol, é fácil focar-nos apenas no que acontece dentro do campo. No entanto, a verdadeira essência e grandeza de um clube manifestam-se em muitas outras áreas que, muitas vezes, permanecem à sombra do espetáculo desportivo. O "Boavistão" é muito mais do que uma sequência de vitórias ou uma época de sucesso; é uma mentalidade, uma cultura, uma maneira de ser e estar na vida.

- Gestão e Negócios: Um verdadeiro "Boavistão" exige uma gestão transparente, inovadora e ambiciosa. O clube deve ser gerido com visão de futuro, com investimentos inteligentes e com uma estratégia clara para se manter financeiramente saudável. Os negócios, patrocínios e parcerias devem ser alinhados com os valores e a missão do clube, garantindo sustentabilidade a longo prazo. Exemplo do Boavistão, era que palavra dada por um dirigente era palvrada honrada, já que vários exemplos foram dados especialmente nos anos 80 e 90, que bastava um apertar de mãos com o Presidente, por exemplo, para que a outra parte soubesse que ia ser cumprido o acordado, mesm oque não houvesse nada ainda formalmente assinado.

- Infraestruturas & Património: Um "Boavistão" investe nas  instalações do clube, desde o estádio até às academias de formação, na sua manutenção e melhoria contínua das suas infraestruturas, assegurando um ambiente de excelência para atletas, staff e adeptos. Exemplo claro disso, foi o Pavilhão Acácio Lello, inaugurado em 1991 mas infelizmente demolido em 2002 sem qualquer tipo de alternativa construída e sem planos sequer que isso aconteça tão cedo, ou o estádio do Bessa (o actual e antigo) feito "à inglesa", dando ênfase à proximidade do publico ao relvado.

- Modalidades: O Boavista, sendo um clube eclético, deve valorizar e investir em todas as suas modalidades, promovendo a diversidade desportiva e dando oportunidades a atletas de diferentes disciplinas para brilhar com o emblema axadrezado ao peito. Expoente máximo do Boavista tem sido as Galas das Modalidades Amadores, onde se celembram os cerca de 1.500 atletas, distribuídos por quase 30 modalidades diferentes e que fazem parte do nosso "Boavistão".

- Envolvência dos Adeptos: O verdadeiro coração de um clube são os seus adeptos. Um "Boavistão" fora das quatro linhas significa estreitar laços com a sua base de fãs, promovendo eventos, interações e garantindo que a voz dos adeptos seja ouvida nas decisões importantes do clube.

- Potenciar da Formação: A formação é o futuro. Investir na academia, na detecção de talentos e na formação de jovens atletas garante não só o futuro desportivo do clube, mas também reforça a sua identidade e cultura, com os valores do Boavista incutidos nos atletas.

- Responsabilidades Sociais na cidade do Porto: O Boavista, como um dos emblemas mais icónicos da cidade do Porto, tem uma responsabilidade social para com a sua comunidade. Seja através de iniciativas de cariz social, apoio a causas locais ou projetos de sustentabilidade, o "Boavistão" deve ser um agente ativo no desenvolvimento e bem-estar da cidade e dos seus habitantes.

Em suma, o "Boavistão" fora das quatro linhas é uma visão holística do que significa ser grande, não apenas em termos desportivos, mas como instituição, como comunidade e como símbolo da cidade do Porto. É a manifestação da grandeza do Boavista em todas as suas facetas, mostrando que o clube é muito mais do que 90 minutos de futebol ao fim de semana.

O Boavista devia ser sempre Boavistão

O "Boavistão" não deve ser visto como um mero epíteto ocasional, um estado temporário que surge apenas em momentos ocasionais. Deve, sim, ser a representação constante da grandeza e do potencial do Boavista FC. A história rica e a tradição do Boavista FC no futebol português não são apenas testemunhos do passado, mas sim pilares que devem sustentar o futuro. Cada vitória, cada golo, cada momento de celebração, cada iniciativa fora do campo, cada interação com os seus atletas de todas as modalidades e com os seus adeptos, deve ser um lembrete de que o Boavista não só já foi chamado de grande, mas que tem todas as ferramentas e capacidades para manter essa grandeza.

Para que o "Boavistão" seja a norma e não a exceção, é imperativo que todos - dirigentes, jogadores, adeptos e a comunidade boavisteira em geral - trabalhem em conjunto, com paixão e dedicação. A aspiração deve ser clara: que o Boavista FC seja sempre reconhecido não apenas pelos seus feitos desportivos, mas também pelo seu impacto na sociedade, pela sua gestão exemplar e pela sua capacidade de inovar e se adaptar aos novos tempos. Só assim o "Boavistão" deixará de ser um termo ocasional e se tornará a descrição diária da realidade do nosso Boavista FC.

2 comentários:

  1. O nome do clube devia ser BOAVISTAO FUTEBOL CLUBE

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  2. Muito bem dito,agora é preciso que a direção deste grande clube leia o texto e faça reflectir essa história e grandeza para a atualidade,um boavisteiro nasce e morre boavisteiro,por sua vez o clube é eterno.
    É necessário ações que conduzam a um aumento de sócios, associados a uma melhor gestão financeira já no decorrer desta época.
    Saudações boavisteiras

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