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sexta-feira, 18 de outubro de 2024

O que eu gostava de ver num Programa Eleitoral do Boavista Futebol Clube

 


Disclaimer: Este artigo foi escrito num par de horas livres. Não é, nem tenta ser, um programa eleitoral minimamente sério ou concreto em nível de medidas, apenas tenta capturar alguns pontos soltos daquilo que eu, um Boavisteiro como qualquer outro, gostaria de ver que fosse falado.

O que eu gostava de ver num Programa Eleitoral era um investimento imediato, a fundo perdido, e garantido por cheque visado de 150M de euros divididos da seguinte maneira: 50M para limpar todas as dívidas existentes do clube, 35M para voltar a ter controlo da SAD, 15M para construir um Pavilhão para as modalidades e 50M investidos em S&P500 ou VWCE, que teve retornos anuais nos últimos 15 anos de 6%, gerando mais-valias de 3M/ano, o que permitiria contratar os melhores profissionais para as diversas áreas que o Clube necessita, cumprindo com o orçamento anual do clube sem depender da SAD. O que sucede depois? Depois batia com a cabeça na mesinha de cabeceira e acordava. Ou desligava o editor do Football Manager. Um dos dois.

Programa feito, voltamos daqui a 3 anos!

Na hipótese de isto não ser possível, como apenas mais um sócio, contentava-me com uma candidatura com uma missão bem definida, pilares bem estruturados e medidas concretas, e não apenas chavões e promessas vagas.

Por isso, tomei a liberdade de tentar colocar em palavras algumas coisas que gostaria de ver num Programa Eleitoral do Boavista Futebol Clube.


Está na altura de reconhecer os nossos erros.

A primeira coisa que devemos fazer é reconhecer e aceitar a frágil posição em que se encontra o Boavista Futebol Clube. Nos últimos tempos, temos assistido a um crescente divisionismo e sectarismo, tanto no seio da instituição Boavista Futebol Clube (incluindo a Boavista Futebol SAD), como entre os sócios e adeptos. Esta situação exige uma pacificação interna, onde todos reconheçam o passado sem censurar opiniões e escolhas livres que já foram feitas, seja a favor ou contra determinadas pessoas ou programas. Devemos enfrentar os problemas de frente e combater, sem hesitação, o divisionismo e o sectarismo, superando questões pessoais em prol do que realmente nos une: a nossa paixão pelo Boavista Futebol Clube.

Por isso, acredito que um programa eleitoral eficaz deve ser focado em quatro pilares principais: Desafios, Pessoas, Processos e Tecnologia.


Desafios

O primeiro passo neste caminho difícil é garantir informação e transparência. A única forma de resolver os desafios do Boavista FC é entendê-los profundamente. Para isso, precisamos de conhecê-los, analisá-los e descomplexar os problemas grandes, fragmentando-os em problemas menores e mais acessíveis, que possam ser resolvidos pelas pessoas certas com competência nas suas áreas específicas.

A má notícia é que chegamos a este ponto crítico porque, enquanto sócios, o permitimos. Temos a nossa quota-parte de responsabilidade na atual situação do Boavista Futebol Clube, pois fomos nós que elegemos democraticamente os Órgãos Dirigentes desde 1903 e somos nós que deveríamos responsabilizá-los. Se essa responsabilização não aconteceu, então falhamos como sócios.

A boa notícia é que está nas nossas mãos, como sócios, assumir o comando e conduzir o Boavista Futebol Clube rumo à recuperação, à melhoria e ao sucesso. Se tivermos a coragem de enfrentar os desafios e propor soluções, podemos ser a chave para o futuro do clube, em vez de parte do problema.


Pessoas

Acredito profundamente que todas as pessoas que trabalham em prol do Boavista Futebol Clube podem contribuir para o sucesso do mesmo (ver Navalha de Hanlon). No entanto, para que isso aconteça, é necessário garantir duas condições: colocar as pessoas certas nas posições certas e treinar e capacitar essas pessoas para que alcancem o seu máximo potencial.

Para isso, é fundamental realizar um levantamento das necessidades de todos os departamentos que compõem o clube, identificar onde há lacunas, e redistribuir responsabilidades e tarefas de forma eficaz. Isso permitirá que cada pessoa trabalhe dentro da sua área de competência, maximizando a eficiência e o impacto de cada contribuição.


Processos

Os processos são a espinha dorsal de qualquer organização bem-sucedida. O Boavista Futebol Clube precisa de processos claros e bem documentados que orientem o funcionamento de todas as suas áreas. Isso inclui desde a gestão administrativa até à operação de cada departamento desportivo, passando pela relação com o Boavista Futebol Clube SAD. Devemos implementar procedimentos padronizados que assegurem a coerência e a responsabilidade em cada ação tomada.

Além disso, é crucial ter mecanismos de avaliação contínua dos processos. Cada decisão tomada deve ser acompanhada e reavaliada regularmente, para garantir que estamos no caminho certo e que podemos fazer ajustes sempre que necessário, e não apenas viver na memória de certas pessoas.


Tecnologia

A tecnologia é um dos elementos que pode transformar profundamente a forma como o Boavista opera. Desde sistemas de gestão desportiva até plataformas de relacionamento com sócios e adeptos, a utilização de tecnologia moderna pode melhorar significativamente a eficiência, a transparência e a ligação com a comunidade.

Devemos apostar em soluções tecnológicas que centralizem e facilitem o acesso à informação, implementando ferramentas que permitam acompanhar o desempenho de atletas, gerir a logística interna e criar canais de comunicação mais diretos com os sócios. A adopção de sistemas de análise de performance e plataformas integradas de gestão será crucial para o sucesso a longo prazo.


A relação com a Boavista Futebol SAD

A relação entre o Boavista Futebol Clube e a Boavista Futebol SAD é, na sua essência, uma simbiose. Ambas as entidades fazem parte do universo Boavista e o sucesso de uma depende do sucesso da outra. Contudo, é essencial reconhecer a diferença estrutural entre as duas.

O Boavista Futebol Clube detém o património, o nome, o símbolo e a história, enquanto a SAD é responsável pelas equipas profissionais de futebol e pela geração de maiores receitas financeiras. O problema principal está na falta de clareza na governança e na divisão de responsabilidades entre as duas entidades. Para resolver isso, é fundamental que o Clube e a SAD se sentem à mesa, de forma transparente, e formalizem um acordo de competências e responsabilidade

Exemplo fictício: durante o mês de Outubro o Estádio do Bessa tem 3 jogos. Esses três jogos obrigam a manutenção do relvado mensal de um valor. Se os 3 jogos forem feitos por equipas da SAD, então esse valor tem de ser cobrado a 100% à SAD. Se for apenas 2 de 3 jogos, porque o futebol feminino teve um jogo, então o valor cobrado é de ⅔, e o restante ⅓ é responsabilidade do Clube.

O que não faz sentido é a SAD subcontratar externamente um serviço de manutenção de relvado e o Boavista Futebol Clube ser alheio ao mesmo e depois, quando precisar do relvado, correr o risco de não o ter em condições.


Iniciativas sugeridas:

  • Instalação de painéis solares no Estádio do Bessa, com estudo de viabilidade para que a energia excedente seja reintegrada na Escola Clara de Resende, como forma de retribuir à comunidade.

  • Aprovação de um plano financeiro, incluindo um possível PER (Processo Especial de Revitalização), para negociar dívidas de forma estruturada e responsável.

  • Iniciativas de reaproximação do adepto, como a iniciativa "Ausentes, Presentes", uma homenagem aos boavisteiros que já partiram, mas cuja memória vive no clube.

  • Centralização de departamentos e responsabilidades, com documentação formal das decisões tomadas, para garantir maior eficiência.

  • Implementação de métricas e objetivos públicos para o universo Axadrezado, com apresentação de resultados trimestrais aos sócios.

  • Criação de uma rede oficial de voluntários, com formação especializada oferecida pelo Boavista Futebol Clube, para apoiar as necessidades do clube em diversas áreas.

  • Avaliação das modalidades existentes, para identificar o impacto na comunidade e na concretização dos objetivos desportivos.


Em retrospectiva, depois de escrever este artigo, apercebo-me de que também eu caí nas minhas críticas iniciais: uma missão bem definida, pilares bem estruturados e medidas concretas são essenciais. Afinal, não é fácil criar um Programa Eleitoral que esteja ao nível do nosso Boavista Futebol Clube, mas sei que todos nós, Boavisteiros, podemos contribuir, um pouco que seja, para melhorar o nosso Boavista Futebol Clube.

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