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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Aqui não há milhões, há alma



O primeiro de dois jogos fervilhantes no Bessa, daqueles que, não sendo das tais 'finais' (como na próxima semana), tem algo mais que os três pontos em disputa. Pelo menos para nós, Adeptos. Grande ambiente.
Na classificação, levamos o maior rombo dos últimos tempos. A diferença para a linha de água é de 4 pontos, 5 para o lanterna vermelha, isto apesar de mantermos a 13ª posição.

Hoje vai por notas:

- Prosseguem os melhoramentos na consistência. Na linha da semana passada, estivemos bem nesse aspeto, de novo nota positiva para os centrais Sampaio e Santos. Afonso continua a dar cartas na esquerda, três adversários difíceis no mesmo jogo, nunca lhes facilitou a vida. Acerto defensivo (permitimos poucas chances ao poderio ofensivo do adversário, facto) que conta também com o acerto da dupla de meio campo, neste caso Idriss (mais um bom jogo) com o bom regresso de Gabriel.

- Abordamos o jogo como temos feito. Tentado, pelo menos. Prioridade à segurança defensiva primeiro, mesmo que a manta encurte e mais elementos sejam precisos, ir tomando a pulsação à partida e ir crescendo para o jogo. Consoante o seu estado.
 Meio da segunda parte. Tinhamos acabado de passar pelos melhores momentos: por cima e o adversário a acusar, perigo na área contrária, alguns cantos e livres, uma e outra saídas bem conseguidas e, sobretudo, vinte minutos sem aproximação com perigo à baliza de Mika. E havia que mexer, que decidir. A comunicação social elogia-lhe a perspicácia. Arte, visão, saber. Um estalar de dedos singular, braço erguido, o esquerdo, o da braçadeira, mindinho e anelar bem juntos, os únicos em contacto com a superfície palmal. Chamados então o ex-Barcelona e o argelino de 50 milhões, para tentar resolver o imbróglio parte II.
Já Petit com uma decisão bem mais difícil. O nosso médio mais utilizado de fora, Reuben de regresso dois meses depois e em inferioridade física (num é, cabrón?), o eslovaco sem intensidade para isto. Haveria duas opções: Beckeles, direto para o lado de Idriss; ou o que se fez, recuo de Anderson (para cima do 'dez' deles), Cech para o lugar do brasileiro. Difícil decisão, mas que acabamos por ficar a perder, porque (e aqui não será criticável) tentamos tirar algo mais do jogo, nos últimos vinte minutos. Poderá não ter sido por aí, mas, parece-me claro, teve a sua influência naquele crescer dos azuis nos dez minutos que se seguiram à substituição. Sobretudo na menor proteção ao eixo central.

- As bolas paradas. Um grande foda-se!! Porque é também neste aspeto que podemos reequilibrar um pouco os duelos (e podemos tirar partido da estatura dos nossos). Raramente conseguimos sequer ganhar um lance de cabeça, na maioria das vezes porque a bola é mal batida (até tu, Cech). Defensivamente, nesse tipo de lances, mudamos um pouco em relação ao passado: optamos por marcar (só) individualmente, e houve sinais que realmente podemos melhorar se continuarmos assim.

- Léo/Uchebo. Não sei por onde anda a cabeça do brasileiro. Pés e velocidade, mas sem mona nada feito. Vamos lá tentar recuperar, acredito que ainda nos venha a ser muito útil. O nigeriano, de novo, mexeu com o jogo. Com o jogo, com os defesas contrários, com o nosso contra ataque. Na ala outra vez, onde dá sinais de ser realmente mais consequente.


- Reparem na linha de ação deles, parece mesmo que o espanhol viu outro jogo. Bem sei que a guerra é outra, o inimigo mora longe, mas o jogo foi connosco, estou-me a cagar para o resto. O hipotético penalty é bem cavado, sim senhor. É mais a perna do espanhol que espera pelo contacto do Dias, mas nesse lance até dou de barato. Mais difícil de perceber (porque não são lances de difícil análise), é a falta de três cartões: um ao Dias, pela entrada ao Hernâni; ao Angel, por parar o contra ataque (a sério, nós vemos destes erros básicos nos jogos com outras equipas?!) e, claro, a pior atrocidade de todas, a ausência de cartão ao Jakson.
De bradar ao céus, o que prova até o temor que estas bestas têm dos estarolas, é o lance do 1-0. Primeiro, a falta é duvidosa sobre o Brahimi, mas, a ser assinalada (como foi), tem é que ser marcada (como não foi). Imaginam isto ao contrário?


Em suma, uma derrota cai sempre mal, ainda para mais num derbi. Fica a sensação que tudo demos dentro do campo, fizemos tudo que estava ao nosso alcance, mas não foi suficiente perante os argumentos do adversário. Precisavamos de um pouco mais de sorte, há que o assumir. Procuramo-la, fizemos tudo para conseguir pontos. Enorme apoio das bancadas, nos maus momentos, nos bons, no início e depois da derrota.


ps: Perdemos, perdemos bem, mas não temos vergonha de assumir o jogo que fazemos. Jogamos as cartas todas que temos com aquilo que podemos ter, e com trabalho, humildade, união. Porque vem de dentro, do orgulho, da vontade em fazer mais, sempre mais, com menos, muito menos. Não esperem vassalagem, nem barrigas de aluguer. Berramos, sempre!, quando somos prejudicados e não nos calamos quando convém por interesses [dos] maiores. Em espécie, somos diferentes, por muito que não entendam.
Para nós, há norte e sul, há mouros e benfica de azul. Tudo a mesma merda, nota-se sempre que nos visitam.


Força Boavista!

1 comentário:

  1. Belo comentário. Como já tive oportunidade de comentar, a nossa diferença, garra e vontade, ficam plasmadas - por exemplo - nos olés que lhes demos quando perdíamos, no final. "É olés que querem? - Tomem lá olés". Só nós mesmo :-)

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