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terça-feira, 29 de setembro de 2015
Fortaleza
A más horas mas nunca tarde para uns bitaites sobre o jogo do passado sábado, ainda para mais depois de um precioso ponto - o primeiro em casa - contra um estarola.
Não foi um feito nem ato heróico - foi somente um empate - mas convém salientar algumas coisas que parecem passar ao lado da maioria. E olhando ao melão que provocou este resultado, todos podem agora ter a certeza que o relvado do Bessa é do mais natural que há.
Resultado positivo começou no banco e no delinear da estratégia, tendo em conta que defrontávamos uma das mais fortes equipas do campeonato, ainda invicta, a marcar golos há 23 jogos consecutivos, sem pontos perdidos fora de casa e, pela primeira vez em alguns anos, com a possibilidade de alcançar a liderança do campeonato depois da 5ª jornada.
Como é óbvio, prioridade ao momento defensivo: rara mudança de formação (ao invés do habitual 4231), adotamos duas linhas (e bem próximas...) de quatro, com dois avançados à frente. Além de Idriss e Gabriel, dois médios interiores, com especial atenção aos laterais contrários. Menor desposicionamento da dupla de cobertura e maior segurança nos corredores, resultando também, pela negativa, numa menor propensão ofensiva, que nem Correia muito menos Tengarrinha conseguiram dar. Bolas paradas e correria de Luisinho e Zé a tentarem incomodar o último reduto do opositor, algo que até nos valeu a melhor oportunidade de golo de todo o encontro.
Sentimo-nos confortáveis na maior parte do tempo de jogo, reduzindo ao mínimo os períodos de algum sufoco. Problemas nos últimos dez minutos da primeira metade e em alguns momentos da segunda, raramente permitindo boas condições de finalização ao adversário. Parte, grande parte do mérito deste ponto residiu aí. Mesmo quando voltamos aos três médios (ou cinco sem bola, contando com os dois extremos) mantivemos a estrutura sólida, pouca distância entre linhas e concentração ao máximo. Faltou-nos crescer ou esticar um pouco o nosso jogo, tentando chegar mais vezes perto da área, mas a manta poderia - e ficaria - demasiado curta.
Algumas notas:
Três condimentos principais, dois deles já conhecidos nossos:
- a atitude da equipa, espírito de união e, mais friamente, competência em patamares elevados.
- a atmosfera do Bessa, a nossa fortaleza.
- a novidade: consistentes, concentrados e seguros defensivamente.
- um jogo à medida de Vinicius, isto é, defesa recuada e posicional (e protegida), menos propício a ser batido nos lances de maior dificuldade para ele, os de velocidade. Jogou prático e simples, comandou e posicionou-se sempre bem para ganhar os duelos e compensar os colegas. Vai ganhando forma a dupla com Henrique, também ele com exibição bastante positiva. Finalmente, parece que temos eixo central!
- estreia de Mesquita no Bessa, confirmando as boas indicações de Coimbra e a aptidão para ser útil particularmente no momento defensivo. Fechou bem a lateral (com dois opositores de caraterísticas diferentes, deu-se bem com ambos), ainda teve discernimento para fechar bem com Henrique (fundamental, por exemplo, na melhor oportunidade do carecão na segunda parte). Já Afonso, vai confirmando ser um dos melhores laterais portugueses (sim, já se pode falar assim), mesmo não vencendo todos os duelos perante o melhor jogador do adversário.
- Idris e Gabriel. Se há jogos em que não há dúvidas que devem jogar juntos, são estes. "Estes", aqueles desafios em que defender é a palavra chave, primeira ordem para impedir o adversário de construir jogo no nosso meio campo, e tentar ganhar tudo que é segunda bola. Nessas funções, mais uma vez, estiveram bem. No resto, nem eles constroem nem se lhes pode pedir tal. Têm sido mais verticais e chegado mais à frente (como se viu contra o Paços), mas desta vez nem isso lhes foi permitido.
- Alteramos um pouco a 25 min do final, com a entrada de Carvalho para terceiro médio, à frente da dupla. Foi mais defensivo do que pretendido, teve poucas chances de lançar ataques, ainda assim entrada razoável do brasileiro. Assim como Renato, autor de um dos poucos remates à baliza que conseguimos efetuar. Veremos como vai aparecer, mas mostrou bons pés, apesar de algo preso de movimentos.
- Zé e Luisinho fizeram o que puderam, quase sempre com pouco apoio e em inferioridade numérica perante a defesa adversária. Pressionaram bem, tentaram desmarcações e, também por isso, 'rebentaram' cedo demais.
- última palavra para Mika, fundamental em dois pares de lances, bem na baliza e eficaz a fazer a 'mancha', por duas vezes. Se não há cruzamentos nem muito jogo de pés, 'tá-se bem.
- pela negativa, algum exagero na perda de tempo. É compreensível, todos o fazem quando a corda aperta, mas já aqui criticamos muitas vezes os nossos adversários quando há exageros como o de sábado. Um pouco menos, só isso...
- ainda pela negativa, bolas paradas defensivas. Perigo número um bem conhecido, por três vezes conseguiu ganhar bola área e provocar perigo.
Nota-se a léguas que fizemos um jogo com um estarola e... não o perdemos. Maus vícios estes, tão próprios dos três metralhas do nosso futebol. Não deve provocar mais que um encolher de ombros da nossa parte, já que temos a noção que o árbitro não teve influência no resultado. Parece-me óbvio.
Outro assunto, para mais tarde recordar e até porque Pantera não esquece, é a questão dos "palhaços". Grave, já que vem de alguém ligado ao clube e não de um adepto ou comentador qualquer. Fica registado, acertamos contas mais tarde.
Ambiente foi do melhor que já se teve desde que regressamos à Primeira. Pena só ver a Poente tão composta nestes desafios, mas pode ser que se continue melhorando.
Panteras únicos, apoio incessante, coreografia a condizer. Espetáculo.
Get ready, tudo a Vila do Conde. Há fatura a passar, todo o apoio ao Símbolo é bem preciso. E se há quem mereça, são os nossos rapazes.
Força Boavista!
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