segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
Bravos
Três pontos importantíssimos, exibição na linha do que se havia feito no último desafio em casa, mas com mais acerto e... eficácia. Pegando no que escrevi no último post, julgo que encaixa bem: união, atitude, humildade, apoio. Como habitual, mesmo quando as coisas teimam em não correr bem. Boavista. Orgulho Axadrezado.
Não nos amedrontamos com as esperadas dificuldades nem com o favoritismo atribuído, encaramos o jogo de frente, com respeito mas sem descabidos receios, fortes na pressão e sempre, mas sempre, melhores na bola dividida. Fomos, sem dúvida, a equipa que mais quis ganhar o jogo e mais fez por isso. E mais mereceu.
Mantemos a 13ª posição, mas aumentamos a distância para a linha de água, agora de sete pontos. Também olhando para o calendário, não poderíamos ter começado melhor esta segunda volta. Pelo resultado, pela exibição e até pelo clima de paz e confiança que ameaçava... dar uma fugida.
Alterações no onze, três: Beckeles regressa à lateral direita, Ervões no eixo da defesa e Cech no meio campo. O resto, aquilo que se vai tornando num onze base. Mudança também na estrutura, com apenas um trinco (Idriss) atrás da dupla formada pelo eslovaco e Tengarrinha.
Tal como na semana passada, muito boa entrada no desafio. Confiantes, concentrados e a conseguir, de novo, uma boa pressão no meio campo. Especial cuidado com a principal força do opositor, as transições. Não fomos perfeitos neste aspeto (dificilmente conseguiríamos evitar jogadas de perigo perto da baliza de Mika em contra ataques) mas minimizou-se as possibilidades do adversário poder explorar como gosta essa vertente. Quando este em ataque organizado, com a normal maior iniciativa de jogo, fomos irresistíveis, nunca perdendo a concentração no setor defensivo, com especial destaque para o nosso meio campo, que fez um dos melhores jogos desta temporada. E foi aqui que começamos a ganhar o jogo, a controla-lo e a domina-lo, o que nos permitiu estar por cima grande parte do desafio, mesmo sem sermos a equipa com mais lances de golo. Muito bom o entendimento entre o trio do miolo, repito, aquando do momento defensivo mas não só. Idriss a saír da posição só com a [quase] certeza de desarme conseguido, Tengarrinha e Cech a anularem as restantes soluções do opositor, ambos a juntarem intensidade e capacidade de desarme ao bom sentido posicional.
Fomos conseguindo esticar bem o jogo, reparti-lo no meio campo adversário com boa circulação de bola, e ora com lançamentos consequentes para os alas e avançado, ora com algumas boas transições, na maioria das vezes com o duo de meio campo como protagonistas.
Bons primeiros vinte minutos da segunda parte, na sequência do que de bom havíamos feito na primeira, conseguimos rondar a área adversária, variando por alas e centro, sempre com lucidez no posicionamento para evitar surpresas desagradáveis no nosso último reduto, mantendo a correria e empenho habitual que, mais que nunca, se exigia para podermos tirar algo da partida. Tivemos dificuldades a partir do meio da parte, altura em que Petit mexe - e bem, de novo - na tentativa de refrescar o meio campo e ataque. Unimo-nos, soubemos sofrer e, acima de tudo, soubemos aproveitar o que o jogo nos reservou. Uchebo, desta feita, não perdoou.
Loucura no nosso Bessa tão, mas tão justa e tão merecida.
Individualmente:
Semana passada foi um teste, ontem um Exame Nacional. De novo, passou com distinção. Afonso, mais um jogo bem conseguido, sempre com a concentração nos píncaros, só por uma vez deixou escapar o perigoso Salvador Agra. Foi importante no primeiro lance de perigo do adversário, ao incomodar (de forma decisiva, digo eu) Éder, na altura do remate. Do lado oposto, gosto de ver Beckeles a lateral, se bem que diferente de Dias. Teve algumas dificuldades defensivas iniciais, partiu para uma segunda metade de muito bom nível, tanto a defender como a fazer aquilo que gosta, a subir a propósito pelo seu flanco. Facto: lances de perigo foram do lado dele.
Ervões e Santos, dupla pouco vista mas que conseguiu dar boa conta do recado. Não foram sublimes nem perfeitos a limpar a zona, mas demonstraram determinação, eficácia nas ações e bom posicionamento, o que é meio caminho para alguma segurança defensiva, que tanta falta nos tem feito. Ervões trouxe segurança e incute confiança, parece-me, ao resto da equipa. Carlos voltou a evidenciar as dificuldades que lhe conhecemos no tipo de lance que sabemos, esteve bem em tudo o resto. Eficaz.
Como disse acima, uma das melhores prestações do nosso meio campo. Idriss como nos últimos desafios mas com uma nota: menos propício a desposicionamentos, soube estar com um olho (importante) em Micael (ou no terceiro homem que ali lhe aparecia, Rafa fê-lo algumas vezes), outro no precioso auxílio aos centrais. Bem, como tem sido hábito e a melhorar de jogo para jogo, no desarme. Com bola, tem noção que não pode inventar, portanto há que jogar com a maior simplicidade possível, como o fez na maioria das vezes. Tengarrinha volta à grande forma, depois de uma pequena quebra talvez resultante do seu [breve] desaparecimento do onze. A habitual lucidez no posicionamento defensivo (e que importante foi naquela luta com Tiba e Danilo), desarme eficaz e, claro, decisivo no lance que nos valeu os três pontos. Pelo meio, algumas boas saídas para o ataque. Cech, o reforço. Senhor Cech. À qualidade técnica junta uma inteligência dentro do campo muito acima da média. Deixou água na boa na estreia em alvalade, ontem confirmou que está cá para nos ajudar e muito (e quando conseguir aguentar os 90 minutos com este ritmo...). Não marcou, mas foi como se o tivesse feito naquele desarme já na nossa grande área, depois de uma correria de 50 metros. Junte-se alguns bons momentos nas transições ofensivas.
Carvalho entrou bem também, apesar da má decisão naquele desperdício já perto do fim (e aí de ti se não ganhavamos, ó Anderson). Foi menos solicitado que o eslovaco, quando até tinha condições para dar melhor sequência às jogadas de ataque. Precisamos dele apto, forte e motivado, útil para o que der e vier.
Hu-hu-Uchebo. Foi novidade surgir encostado à ala, mas em boa hora Petit apostou nele nessa posição. Já tinha dado bons sinais que pode ser uma boa solução aí, ontem confirmou-os na maior parte das vezes em que foi solicitado e cumpriu bem no momento defensivo (sempre muito atento ao perigoso lateral esquerdo adversário, soube vigia-lo quando necessário, soube prende-lo lá na retaguarda). Tem algumas boas arrancadas, não perdoou quando teve a oportunidade. Bravo, Uchebo.
Outro motivo pelo qual o lutador nigeriano pode jogar ali é... Zé Manuel. Mais um jogo a mostrar a boa evolução que tem conseguido, apesar de numa posição diferente: muita luta aos defesas contrários, conseguiu segurar bem a bola e entrega-la jogável para os companheiros, sempre muito ativo nas desmarcações. Bom jogo, mais um.
Léo talvez o mais apagado. Teima em ser teimoso, pois claro. Não era fácil o opositor, verdade, mas volto a dizer: quando as coisas se complicam, há que descomplicar. Léo tem tudo para se tornar num dos nossos principais desbloqueadores de defesas, por enquanto vai conseguindo uns fogachos de perigo, graças à técnica e, principalmente, à velocidade que tem.
Em suma, não deixamos de mostrar algumas debilidades (principalmente defensivas), correto. A tendência, depois de um resultado destes, é rasgar os elogios e esquecer os problemas que temos. A verdade é que soubemos contornar esses mesmos problemas, minimiza-los ou disfarça-los, como quiserem. Mas demonstramos uma competência exemplar e esteve aí a base deste precioso triunfo (e não estará também aí a base da... equipa? A sua identidade?).
Última nota para nós, adeptos. É isto que o Bessa tem de ser (ó Marek, isto não é castelo, não confundas! É Inferno do Bessa). Infernizar a vida de quem nos visita, seja a morder nas laterais, seja no apoio incessante à Equipa desde o início do desafio e não parando nas alturas de maiores dificuldades, seja na 'perseguição' a um qualquer alvo escolhido. É isto.
Eles, os nossos jogadores, pela forma como se batem, merecem tudo isso.
Força Boavista!
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Boa tarde, mais uma excelente apreciação! Estas analises que tem vindo a fazer, têm a enorme virtude e porque não dizer a competência de, mesmo que não tenhamos podido assistir ao vivo ao jogo, ficarmos com uma perceção absoluta do que se passou. Fantástico!
ResponderEliminarViva o Boavista.
Cumprimentos
António Tiago
:)
EliminarÉ muito bom saber que é de alguma forma útil para aqueles Boavisteiros que não podem comparecer aos jogos.
Abraço