"Jogo com o Braga será para nós uma possibilidade de avaliarmos o momento (não vamos falar de futuro), e encontrar as formas, observação e análise, depois o que podemos continuar a fazer - e já fizemos algumas coisas - e quais as inflexões que temos de ter".
Foram as palavras mais marcantes de Jesualdo na antevisão ao desafio de ontem. E julgo ser pertinente basear a reflexão aí mesmo.
Uma abordagem ao jogo de algum risco tendo em conta os momentos das equipas, a permanência da identidade-base que se pretende (pretendia?), o mesmo sistema usado no último desafio em Paços. Responsabilização maior por parte dos jogadores, antes de tudo o resto, numa clara demonstração de avaliação ao próprio contexto. Afinal, de que somos capazes? Qual o caminho - em várias vertentes, digo eu - que as nossas caraterísticas nos obrigam a tomar?
Terá sido esta a mensagem para todos que a quisessem entender. Dentro, fora, à volta, ontem e hoje.
Curioso como, no Futebol, numa Equipa, independentemente do patamar, sendo os alicerces fracos, tudo ruí ao mínimo abalo. A enorme aleatoriedade do jogo, por vezes, faz crer o contrário, mas, regra geral, isto é como tem de ser e, sobretudo, é o resultado das nossas ações. "Nossas", de todos no Clube que tem alguma influência no rendimento da Equipa.
Aos 25' o jogo estava resolvido com um 0-3 e, muito embora se consiga encontrar pontos positivos na reação em algums momentos e no fluxo ofensivo mostrado na segunda parte, pouco haverá a dizer sobre a justiça do resultado e, mais importante, sobre a consistência de ambos os conjuntos. Algo incomparável, parece-me claro.
Vamos então ao mais importante, afinal o principal objetivo depois do jogo: perceber qual o caminho e o porquê de este ter de ser diferente.
O que falta acima de tudo (e sim, mais que a propalada "atitude"): equilíbrio. Somos tremendamente instáveis (do ponto de vista anímico mas não só), falta-nos firmeza e consistência como Equipa, não temos harmonia nem capacidade de compensação dos pontos mais débeis.
A confiança, como tantas vezes falamos, é negativa. O medo da consequência (que muitas vezes nos faz ser mais eficazes nas ações) praticamente nao existe. Terá algo relacionado com a... exigência?
É óbvio que quando refiro "equilíbrio" não falo só da Equipa em campo, mas também do plantel em si. Mesmo tendo noção que este é, e bem, o ano zero, houve demasiado risco na preparação da época, e a enorme e errada presunção que tudo iria correr bem depois de mudarmos 90% do plantel, recheado de jovens, de promessas vindas de outros contextos, de jogadores que pouco ou nada conhecem da Liga e muito menos do Boavista. Que iriam, por obra e graça, se adaptar, se unir, se tornar numa verdadeira Equipa.
Perceber como temos de ser nesta hora difícil é fácil: de União e de trabalho.
É necessário seguir o tal caminho, depois, claro, de o encontrar e o bem definir. Não chegará corrigir o que fôr preciso dentro do campo - e é-o muita coisa, no jogo e no treino - será também fulcral retificar os erros que se cometeram na formação do plantel. Que foram muitos, e nada fácil vai ser mexer no mercado de janeiro. Veremos a nossa pujança e como o faremos.
Nada fácil a União, também. Somos fortíssimos nesse aspeto, basta relembrar a portentosa recuperação nos tempos de Sánchez, por exemplo. União mais forte é difícil de encontrar.
Mas o contexto atual nao ajuda: incentivamos mas não nos ouvem, queremos estar perto mas estamos longe, ambicionamos o calor do Bessa mas temos uma fria Fortaleza.
Portanto, teremos que ser ainda mais fortes. Facto. Somos Boavista e temos a palavra.
Força Boavista!
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