Temos, apesar do jogo direto em excesso, mostrado alguma evolução quando temos a bola e procuramos chegar perto da baliza adversária. As opções vão aumentando, a confiança e entrosamento também, o que é bom para a equipa. Viu-se no Restelo, na meia dúzia de golos nos dois jogos em casa, mesmo (vá, com algum esforço) nas derrotas no Funchal e Sporting.
O problema maior é mesmo a insegurança no setor recuado quando não temos a bola nem recuamos em excesso, a permeabilidade excessiva do nosso meio campo e defesa, o mau posicionamento a as falhas de concentração, e as facilidades que os adversários cedo encontram para alvejar a nossa baliza. E consoante o seu êxito, vamo-nos mantendo ou não no jogo, quase sempre acabando por ter que reagir às adversidades.
Ora por lesões, castigos ou mesmo por opção, não conseguimos estabilizar a dupla de centrais, o que em nada ajuda ao ganho de estabilidade pela equipa. Ervões e Sampaio, ambos disponíveis, para Setúbal? Ou Santos, o nosso defesa com menos golos sofridos? Lucas, não acredito.
Temos, há já algum tempo, a agravante de não poder contar com Correia, um dos indiscutíveis, veremos se finalmente estará de regresso. Julián não faz esquecer Afonso, quanto mais o brasileiro. Se bem que mais ofensivo quando comparado com o português, tenho muitas dúvidas se será tão melhor a defender (a principal missão de um lateral) que Afonso, pelo menos o suficiente para fazer os últimos seis ou sete jogos (e mesmo com algumas prestações positivas pelo meio).
Mais certo será o regresso de Beckeles à lateral direita (aquela expulsão é talvez a maior razão de queixa que temos a respeito das arbitragens), o que é positivo.
No meio campo, coisas positivas e outras nem tanto. Desde logo Reuben Gabriel, que dá mostras de ser uma opção viável, o que no nosso caso vale ouro. Como já discutimos aqui, Tengarrinha e Anderson já formaram uma boa dupla no meio campo. O brasileiro tem demorado a aparecer, mas fê-lo bem nos últimos três jogos, jogando como o médio mais solto, o primeiro a pressionar os defesas contrários e oferecendo qualidade de passe não só no meio campo mas também no último terço. Estranho é a ausência de Tengarrinha, impedindo a repetição da dupla. Serão incompatíveis segundo o treinador? Precisará o meio campo, além do músculo de Reuben, do peso e altura a mais que tem Idris quando comparado com aquele que tem sido um dos nossos melhores jogadores, Tengarrinha?
Veremos em Setúbal, mas eu gostava de ver o regresso da dupla. Com o português, se não a médio centro (recuando Gabriel), pelo menos a trinco (onde também já jogou esta temporada). Mesmo que se perdesse, na teoria, maior capacidade de proteção ao eixo da defesa.
No último terço, como disse acima, tem-me agradado alguma evolução que vimos mostrando. O excesso de jogo direto não é só culpa do trio da frente, como é óbvio. Brito, Zé Manuel, Leozinho e mesmo Quincy dão mostras que podem ser os desequilibradores que precisamos, juntando a Uchebo que, sem dúvida, poderá tornar-se num jogador útil, não só pela estampa física, poder no jogo aéreo e presença na área, mas também pelo que pode fazer quando descai para as alas. Mantendo Carvalho no onze e tendo Pouga recuperado, pode ser algo mesmo bastante positivo.
Em suma, é pegar e baralhar. Coisas positivas temos, negativas e a precisar de melhorias evidentes também. O tempo ajudou, ajuda sempre, mas, claro, há já algum tempo que está a ficar curto. As boas prestações nos jogos em casa, nas 'finais' que tínhamos que ganhar, as más dos adversários mais diretos, tem catapultado a equipa para uma classificação satisfatória, o que até só pode ter sido bom, em termos de estabilidade e confiança.
É horinha de, como diz Petit (há três meses, é certo, mas diz), ir buscar pontos fora de casa. E, digo eu, a oportunidade é de ouro, olhando para a classificação e calendário (o Setúbal é e vai ser do nosso 'campeonato', ao contrário do adversário seguinte na visita a Moreira de Cónegos).
Força Boavista!