Começando pelo início e pelo melhor: Hélton Leite. Falando puramente em prestação individual (rácio de golos e lances de perigo evitados / não concedidos pelas suas ações) talvez um dos melhores guarda redes da Liga. Fruto da lesão ainda contraída na época passada, somente por uma vez foi titular na era Vidigal, sendo-o em todos os desafios com Daniel Ramos. Postura correta mesmo quando jogou e voltou para o banco, depois do jogo em Setúbal, voltando em grande forma. Fez a diferença em muitos desafios e garantiu-nos pontos preciosos: MVP da Equipa.
Bracalli merece destaque pela enorme competência nos seus 14 jogos como titular e por nunca nos ter feito sentir demasiadas saudades de Hélton.
Ricardo Costa foi o jogador mais utilizado (só não participou num desafio) e só por isso merece destaque. Ideal para a formação de três centrais (atuando como líbero), sentiu mais dificuldades com um só companheiro de setor. A experiência ainda conta muito e acabou por nos ser muito útil na consistência defensiva que revelamos.
Neris, talvez o elemento mais regular de toda a linha defensiva. Como evoluiu desde a sua chegada à duas temporadas. Prova da sua influência e da falta de opções para o substituir foram as dificuldades depois da sua saída: ficamos claramente menos fortes na defesa.
Fabiano, dos emprestados, aquele que possivelmente deixará mais saudades caso não fique, como tudo indica. Qualidade na saída de jogo, bom posicionamento, eficaz no desarme, além de poder fazer qualquer posição da defesa caso com igual competência. Foi o quarto jogador mais utilizado.
Carraça, cumpridor dos serviços mínimos, digno Capitão, faz da atitude a sua principal arma, também para colmatar as evidentes dificuldades que ainda revela nas ações defensivas. Podemos dizer que não fez a diferença, mas foi cumprindo como... pôde.
Do outro lado, Marlon foi, acima de tudo, um lateral útil. À semelhança de Carraça, cumpriu com as exigências mínimas, foi ainda vítima do excesso de jogo defensivo que revelamos grande parte da época, ele que é um lateral com boas caraterísticas ofensivas, capaz de explorar bem toda a lateral esquerda. Não tanto como Fabiano, mas um prolongamento de empréstimo, num diferente contexto de jogo, poderia fazer algum sentido (se bem que parece muito difícil de se concretizar).
Lucas e Dulanto, os defesas com menos minutos e facilmente se percebem as razões: uma questão de ritmo, velocidade (para uma Primeira Liga...), de eficácia. Não há segredos, são curtos.
As outras opções para as laterais dizem alguma coisa acerca do plantel, certo?
Tal como no meio campo...
Ackah, quanto a mim, uma das melhores revelações da temporada. Começou a discutir o lugar com os companheiros de setor, para fazer uma segunda volta dono e senhor da posição de trinco. Forte no desarme, descomplicando onde tem mais dificuldades (no passe e a construir), cresceu imenso nos mais de vinte jogos como titular.
Idris e Obiora que o digam, principalmente o primeiro que participou apenas em sete desafios. A natural perda de influência daquele que foi o nosso médio defensivo nas últimas temporadas. Obiora foi mais vezes opção, pouco acrescentando quando comparado com Ackah.
Rafa Costa ainda fez 18 jogos esta época, útil em quase todos eles simplesmente por ser um médio como não havia outro. A sua saída fêz-se notar no plano desportivo e, pior, a sua não substituição diminuiu ainda mais o leque de opções. Ponto positivo, abriu espaço para:
Paulinho, que, com o decorrer do tempo, acabou por ocupar a posição 8 no meio campo. A par do ganês, classficá-lo-ia como uma das revelações. Não pegou de estaca, como a diferença de contexto, posição e competitividade (comparando com de onde vinha) assim exigia. Foi ganhando minutos, experiência e preponderância. Aumentou bastante a intensidade do seu jogo, o posicionamento e a responsabilidade defensiva, ainda que tendo que melhorar outros aspetos, como a capacidade de decisão.
Ficamos pelos quatro médios num plantel que "daria para mais"...
Sauer, comecemos por ele, o melhor no plano ofensivo, o terceiro jogador mais utilizado. Que nível no pós-Covid. Curiosamente, apesar da verticalidade do seu jogo, fez-se notar mais quando se potenciou o seu jogo interior. Por vezes peca na decisão, algumas precipitadas, mas o desequilíbrio pela velocidade e capacidade no um para um fez muitas vezes a diferença. A juntar a isso, crescimento evidente na hora de defender, melhor e mais inteligente.
Mateus é qualidade, é, quase sempre, não saber jogar mal. São 37 anos, o que deve pesar na influência na Equipa. Ainda assim, participou em 29 jogos, sendo o suplente mais utilizado. Elixir da juventude para este, alguém arranje.
Heriberto foi um dos melhores marcadores, com quatro golos e o terceiro com mais jogos. Apesar disso, e da sua qualidade e velocidade, ficou sempre algum amargo, quer pela falta de eficácia no hora de finalizar, quer pela dificuldade em desequilibrar mais vezes. Talvez demasiadas expetativas, mas julgo fazer algum sentido classifica-lo como uma das desilusões da temporada.
Bueno, a vítima maior do nosso modelo de jogo. Apareceu tarde mas ainda a tempo de ser um dos melhores marcadores. Não é segredo que é o mais dotado tecnicamente, fazendo a diferença na circulação no último terço e a descobrir os melhores espaços para os contra ataques. Repito, paga a fatura de se lhe exigir mais defensivamente do que aquilo que é capaz.
Cassiano, Stoijlikovic, Yusupha, difícil a escolha sobre quem foi melhor ou pior. Os dois primeiros fazem da atitude a principal arma: pressão nos centrais, desmarcações para ganhar metros, tentativa de ganhar bolas aéreas para os companheiros. O sérvio, também pelo que se depositava nele, desiludiu, principalmente no numero de golos, na eficácia. Tecnicamente é melhor que o brasileiro, mas acabou por ser Cassiano o jogador com mais jogos, se bem que com menos minutos. Como disse, escolham vocês que eu não consigo, dado o nível...
Yusu, onde andaste, rapaz? Onde é que está o esforço mínimo, pelo menos? Pareceu sempre longe dos acontecimentos, mesmo nos 14 jogos como titular. Pareceu ir piorando ao longo da época, aquele que é, possivelmente, o avançado com mais 'golo', velocidade e mais dotado tecnicamente. Não sabemos até que ponto a vida pessoal pode ter interferido na má época, mas a verdade é que a atitude foi muitas vezes insuficiente.
Cardozo, Reisinho, Luís Santos, Reymão: é muito bonito podermos dizer que lançamos jovens e apostamos na formação, mas a verdade é que nenhum deles teve oportunidades para mostrar o que quer que seja. Acerca do paraguaio, porque foi o que teve mais chances, parece um jogador com potencial mas, claro, precisará de muito mais tempo para poder ser competitivo num nível de Priemeira Liga. Não esquecer que tem 19 anos e foi a primeira experiência na Europa.
Olhando ao rendimento individual, constata-se que o plantel dificilmente daria para uma muito melhor classificação. A maior parte dos jogadores do setor ofensivo desiludiu, ao contrário dos mais defensivos, algo que estará certamente relacionado com a nossa postura na maioria dos jogos.
Outro dado evidente é o decréscimo no valor do plantel, ou seja, poucos foram os jogadores que se valorizaram no decorrer desta época, também sinal qua a classificação e a prestação não foram as melhores.
Força Boavista!