É quase unânime que o desta época é o melhor das últimas três, desde que regressamos. Temos o melhor avançado dos últimos tempos, Schembri. Um virtuoso como nem cheiramos à anos, Iuri. E outro a caminho, Bukia, com Renato à espreita. Um médio português experiente e completo quanto Espinho. Ao nível ofensivo, não podemos esticar muito mais. Digas, Edu, Medic, Idé... talvez Luisinho em janeiro. E o inacreditavelmente imóvel Erivelton.
À medida que vamos recuando no terreno, as coisas podem complicar-se.
Idris tem sido o mais regular, mas não há mais ninguém sequer com características parecidas. Daf só para o ano, Gabriel já cá não está. Carraça em ano de estreia na Primeira, Tengarrinha em tempo de readquirir ritmo, sobram Carvalho e a incógnita russa Emin. Ex juniores Henrique e Samú, que não vai ser fácil afirmarem-se (apesar das boas indicações de ambos) completam as opções.
Na defesa, mais preocupações. Lucas tem estado no melhor e no pior, entre o bom e o horrível. Henrique, de companheiro de líder a líder da defesa, é um dos sobreviventes, apesar dos aparentes problemas físicos que tardam em fazê-lo regressar à boa forma. Mesquita e Talocha, ainda assim, com nota muito positiva. Depois do sismo na baliza, Agayev parece que nos vem dar outra tranquilidade (veremos se mais comparando com Mika). Sobram Sampaio, à procura da afirmação, e Santos , à procura de espaço para distribuir abraços.
Podemos fazer um onze forte, certo. Mais forte que nos últimos tempos. Ao nível das opções estamos limitados, veremos se conseguimos crescer nesse aspeto, resultando até numa maior competitividade dentro do grupo.
No global, o plantel, apesar de ter mais qualidade que os últimos, é também dos mais desequilibrados. Fortes no ataque, razoáveis no meio campo, com problemas na defesa. Veremos agora como vamos crescer, coletiva e individualmente (neste aspeto, curiosidade sobre os que têm sido pouco utilizados).
Ainda para mais sendo um símbolo nosso - e continuará a sê-lo - julgo que o caso merece que meditemos um pouco sobre o que aconteceu. Sobretudo, como aconteceu.
Antes de mais, a postura exemplar de Sanchez. Não é novidade para nós, já o conhecemos há muitos anos, como jogador e treinador, e sempre, mas sempre, nos mereceu o maior carinho e admiração. Acerca do que falou e também do que não falou. Ponto.
O motivo forte da saída - o mais 'oficial' segundo a direção, pelo menos - foram as declarações do treinador acerca do comportamento dos adeptos. Ora, roça o ridículo, claro está. Percebe-se, é um dado, mas não foi esse o motivo, nem sequer qualquer gota de água. Para já, a contestação física dos adeptos era diminuta - apesar do desagrado pelas recentes prestações da Equipa - falando de lenços brancos, cânticos ou assobios para o treinador. Acerca da pressão que Sanchez fala, que segundo ele afeta o rendimento de alguns jogadores, ela existe e é evidente nos jogos em casa (e ele também refere que fora a Equipa se sentia melhor, com o APOIO dos adeptos). Perfeitamente compreensível, mesmo como forma de proteger o próprio grupo.
A Fortaleza, infelizmente, não tem sido o que já foi em tempos recentes. Facto. E temos, rapidamente, que corrigir isso.
Sanchez fala na entrevista de um episódio aquando da visita do Boavista a Moreira de Cónegos, perto do final da época passada. Um 'zum-zum' qualquer sobre a possibilidade Miguel Leal. E logo aí dá ideia que tudo isto nasceu... torto. A indecisão da direção, temos a certeza agora, foi enorme. Incerteza ou espera, o que quer que tenha sido. Por um lado, o bom trabalho de Sanchez na segunda metade da época, por outro a possibilidade de poder contar com Leal. Sanchez começou debilitado, com menos tempo que o que devia ter e, como diz o próprio, sem as condições ideais (falando do plantel, das saídas, e do resto). Mais uma vez, dá ideia de pouca proteção a um treinador nosso.
Curioso, coincidência ou não, é que a par desta mudança de paradigma
(Leal, como sabemos, não é um homem da casa ou ex-jogador, como os
últimos timoneiros), há também a mudança na direção do Clube, no que
toca a assuntos desportivos, digamos assim. E, por acaso, já com uma decisão de fundo. Veremos se mais mudanças vão
ser visíveis e se alguma coisa se torna mais ou menos agradável.
Na minha opinião, tentando analisar friamente, Sanchez não conseguiu tornar a Equipa suficientemente competitiva, pese embora a seriedade, vontade e, sublinho, as ideias bastante positivas na identidade que ele pretendia para a Equipa. Pouco tempo para isso e poucos argumentos? Talvez. Pouca experiência no futebol europeu, liga portuguesa em particular? Muito talvez. Mas é um facto que, após uma pré-época agradável e uns bons sinais no arranque da temporada, houve alguma estagnação na evolução. Talvez se tenha regredido em alguns aspetos, até mesmo na confiança dentro do plantel.
Junte-se a isto a possibilidade de concretizar o 'plano' mais apetecível pela direção, quiçá mais difícil de o concretizar em maio último, o momento mais oportuno.
Preparem-se. Bem. Temos que regressar em força. Cabeça limpa, pelo menos em nós. Tudo a Leiria.
Like a dream. Admito desde já, mesmo não esquecendo como são estas coisas no mundo do futebol, em particular quando se trata de treinadores.
Com um percurso académico notável, e depois de passagens pela formação de vários clubes, foi preparador físico da equipa técnica liderada por José Couceiro, na Turquia. A partir daí, destacou-se no Penafiel (foi repescado dos juniores para os seniores, fazendo um excelente trabalho, sendo eleito treinador do ano de Segunda Liga), continuando o trajeto com duas boas épocas no Moreirense.
Liderança, capacidade de rentabilização dos jogadores, discurso coerente para o exterior, são algumas das virtudes que lhe reconheço. Gosto da mentalidade que incute nas suas equipas: são equipas adultas, daquelas que sabem o que fazem em campo, com prioridade à consistência (como deve ser, sempre), e com noções, para mim, muito agradáveis do jogo e com uma abordagem aos diferentes desafios que me satisfaz imenso.
Posso estar a ferver um pouco visto que, como disse acima, sou admirador da sua maneira de trabalhar e a forma como encara o Futebol. Dentro e fora do campo.
Mas é mesmo assim... fichas todas, all-in. Se falhar, falhamos todos. Apoiar, em todos os momentos, é obrigatório. E relembro: estamos a meio da primeira volta, temos aí desafios difíceis à porta, o plantel não foi elaborado por si. Assim, é preciso tempo. Paciência, confiança e tempo.
Boa sorte, Miguel Leal.
Uma palavra para aquilo que me parece ser o sentinento dos adeptos neste momento: absolutamente consensual esta escolha. Percebe-se porquê. Em maio último foi dos nomes mais falados, parece até que da parte da direção a indecisão foi bastante acentuada (terá partido Sanchez já fragilizado, precisamente porque a opção ML seria prioritária?!).
Outra coisa que terá que estar de regresso, agora que temos (nós, adeptos) uma oportunidade de ouro para 'limpar' a cabeça: a Fortaleza. Isso, meus caros, não pode falhar. Isso, contra tudo e todos, mesmo intra-muros, tem que ser a nossa imagem de marca. Ou continuar a sê-lo.