segunda-feira, 22 de junho de 2015

Sinteticamente


O relvado sintético do Bessa, como sabemos, tem classificação máxima dada pela FIFA. De última geração, permite realizar jogos e treinos diariamente sem prejudicar o seu estado. Além disso, é-nos particularmente útil nesta fase da vida do Clube, daí se ter tomado a decisão de se avançar com este projeto há uns anos atrás: formação a treinar no Bessa, possibilidade de atividades extra desportivas, custos de manutenção reduzidos e o importante patrocínio que resulta da parceria com a empresa italiana.
Mesmo que haja intenção - assumida - de voltar ao relvado natural num momento de maior estabilidade no Clube, a opção pelo sintético é credível e, além disso, um direito nosso estipulado nos regulamentos.

Mas o que verdadeiramente está aqui em causa não é a qualidade do sintético em si, vantagens ou desvantagens no jogo e influência no espetáculo. Pode parecer, mas não é.
Esta decisão, e a forma como é tomada, demonstra o regabofe que é o futebol português, com paralelismo no assunto dos direitos televisivos, dos empréstimos, do sorteio, do grandismo de alguns e seguidismo de outros. 

Olhando aos dados que temos, parece que tão repentina intenção tem origem no mito (sim, mito!) que é o facto de termos conseguido a manutenção graças ao piso sintético no Bessa.
A pergunta que fica: será que querem tirar-nos o tapete? Se sim, quem? Ou, por outro lado, é um assunto de interesse exclusivamente desportivo? E se é este último caso, porque não foi apresentado de forma séria, previamente discutido pela comissão que preparou a Assembleia da Liga, como os restantes assuntos?

Arriscamo-nos a ter que fazer os primeiros jogos da temporada fora do Bessa, pois as obras poderão não estar prontas a tempo do início do campeonato. Arriscamo-nos a ter as finanças afetadas - no imediato - por influência e vontade de terceiros.



Para ficarem com uma ideia mais precisa do que um relvado sintético é hoje em dia:

"O desenvolvimento tecnológico potenciado por varias empresas dedicadas exclusivamente foi o primeiro passo. Abandonou-se o conceito plástico e duro das primeiras superfícies e procurou-se adaptar-se ao máximo o terreno artificial ao original em relva, com a vantagem de poupança financeira e de desgaste em condições climatéricas instáveis. O salto era lógico. Muitos clubes entraram no novo milénio a apostar forte em campos de treino e centros de estágio com as melhores condições possíveis. Era uma forma de poupar o relvado dos estádios principais e de potenciar ao máximo o treino em caso de más condições climatéricas. Progressivamente foram introduzidos relvados artificiais em campos que garantiam que nos dias de intempérie o treino podia realizar-se sem problemas. Foi o primeiro passo para a reabilitação desportiva dos campos sintéticos. De aí o passo aos relvados nos estádios era inevitável.
Vários clubes modestos começaram a seguir o exemplo inaugural do QPR. A principio a FIFA e UEFA não sabiam bem como lidar com esta novidade e baniram os campos das suas provas internacionais. Mas os bons resultados, em tudo distantes das péssimas experiências dos anos oitenta, foram abrindo as portas a uma nova era. No Luzhniki de Moscovo disputou-se o primeiro encontro internacional de selecções num campo artificial na Europa, um duelo entre russos e ingleses. Meses depois a final da Champions League foi disputada no mesmo estádio mas a relva artificial já tinha sido trocada por um campo de relva natural temporal. Seria uma metamorfose lenta e com suspeitas de todos, habituados à pureza dos míticos tapetes verdes.

A partir de 2005 os campos de relva sintética foram definitivamente sancionados pela FIFA que criou um sistema de classificação de qualidade que gere a qualidade de cada relvado e que tipo de competições esse campo pode receber. Actualmente já foram disputados em relvado sintético jogos de todas as provas europeias, de clubes e selecções, bem como vários encontros de ligas nacionais. Os gastos reduzidos, a possibilidade de se utilizar o relvado em eventos fora do âmbito desportivo e as questões climatéricas são hoje, como há trinta anos, o principal motivo para que muitos clubes tenham optado por avançar definitivamente para os relvados artificiais.
Ainda ausentes das primeiras divisões inglesa, espanhola e italiana, os relvados sintéticos podem hoje ser encontrados em campos de clubes como FC Lorient, Volendam, Tromso, Norkoping, Young Boys ou Boavista. Eles são os profetas de uma nova era".

Extraído daqui.

2 comentários:

  1. Boa noite
    Mais um punhado de comentários excelentes...
    Mas qual será o interesse dos manatas do mercado abastecedor em querem fazer aprovar esta medida? É caso para se dizer, deixem-nos em paz! É que nós só queremos na verdade fazer o nosso caminho, tomando uma postura cordial com todos. Agora, parece que os outros é que se estão a sentir incomodados, certo?
    Saudações
    António Tiago

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    1. É incompreensível esta decisão e como tudo é decidido. Como e porquê manter a postura cordial?! Só por interesse.

      Abraço

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