Não foi fácil - como se esperava - mas a primeira de cinco finais rumo ao Sonho está ganha. A qualidade de jogo do adversário e as condições adversas de preparação nas últimas semanas dificultaram-nos imenso a vida e, verdade seja dita, com um pouco menos de sorte o desfecho poderia ter sido outro.
Pela exibição menos conseguida haverá a apontar mais pontos negativos que positivos, mas comecemos por estes últimos e pelo que era, afinal, a grande prioridade depois daquele... episódio em Faro: a atitude. Tivessemos nós um pouco daquele 'meter o pé' evidenciado ontem (vá, a partir dos primeiros quinze minutos) e muito provavelmente encararíamos o próximo desafio para a Liga um pouco mais descansados na tabela. Ontem foi diferente comparado com essa derrota no Algarve e, podemos dizer, a nossa parte de mérito no apuramento reside precisamente aí: na vontade e no espírito de luta que evidenciamos. Até mesmo pela reação à adversidade na preparação do desafio, não esquecer: além dos treinos (atípicos, imaginamos nós), também ao nível das opções estavamos algo limitados.
Longe de ser desculpa, tem o seu peso se alargarmos a análise ao contexto global: todos - ou quase - os primodivisionários sentiram enormes dificuldades perante equipas de escalão inferior. Não fomos exceção, em parte por nossa culpa, mas - friso - a passagem mora do lado de cá. E isso, ontem, era mesmo o mais importante.
Mas, descansem críticos exacerbados, isto não está fácil. É verdade. Os problemas que nos custaram pontos na fase inicial do campeonato continuam por resolver e há um maior que todos: a falta de consistência defensiva, quer no eixo central (centrais!), quer no meio campo defensivo (reação - e preparação - à perda), à cabeça. E duvido muito que enquanto não resolvermos essa falta de solidez possamos evoluir como pretendemos...
A agravar a situação, um dado que me parece evidente: desde a nossa vitória para o campeonato, temos sentido mais dificuldades naquilo que, até à data, era um dos pontos fortes da Equipa: a facilidade em invadir último terço, em descobrir espaços e, claro, em criar situações de golo. Uma posse menos conseguida, menos confiante, com menos soluções ao portador.
Talvez um maior pragmatismo, esperemos que temporário. Menos risco, mais segurança, mais foco no problema principal, poderá estar na origem deste aparente decréscimo de qualidade nessa faceta do jogo. Há dados evidentes que nos levam a essa ideia: a saída de jogo a três, antes uma prioridade, é agora alternada com um jogo mais direto; as subidas dos alas são, também e por agora, um pouco mais contidas (e mais seguras pelos médios); a defesa de bolas paradas, por exemplo, tem suporte numa maior superioridade numérica, pouco vista até aqui. Intenção de dotar a Equipa de maior confiança, de obtenção de resultados positivos para depois se poder alicerçar melhor as ideias de jogo? É uma hipótese, julgo que bastante provável.
Tempos difíceis, não há que esconder. Mas também há que acreditar na competência, mesmo compreendendo quem quer desde já trocar meia equipa, mandar o treinador embora ou até colocar o projeto em causa.
A necessidade da Equipa mostrar solidez e qualidade é grande, mas, como tantas vezes já foi aqui dito, temos mesmo que ser amigos do tempo. E será esse tempo que nos dirá se somos fortes o suficiente.
Acredito que sim.
Força Boavista!
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